Chefe do Quilombo do Jabaquara e primeiro líder político negro de Santos. Nascido em 08 de junho de 1839, Quintino de Lacerda, foi o mais atuante agitador da abolição no litoral Paulista, garantindo abrigo a escravos fugitivos de toda a região do planalto, que aqui buscavam defesa.
O Quilombo do Jabaquara, na descrição de Silva Jardim, era verdadeiramente inexpugnável, defendido pelas encosta do morro do Jabaquara e com um único caminho de acesso permanentemente guardados pôr sentinelas de Quintino.
Em 1850 haviam 3.189 escravos em Santos, para uma população livre de 3.956 habitantes.
Não deixa de ser surpreendente que quinze anos depois já existia uma forte resistência organizada e que três meses antes da abolição do instituto da escravidão no Brasil, em Santos já não houvesse escravos. Tanto que dia 13 de maio de 1888 seguiram-se oito dias de festa populares, comícios, passeatas músicas e dança nas ruas.
Quintino de Lacerda foi o centro das atenções e chegou a receber, em solenidade pública, um relógio de ouro, como uma homenagem popular a seu mais querido líder abolicionista.
Com a abolição, o irrequieto Quintino lança-se à luta política, incorporando, pela primeira vez, os negros ao processo político na cidade. Organiza e comanda um batalhão na defesa contra uma possível invasão de tropas rebeldes interessadas em depor o Marechal Floriano Peixoto. Recebe, em reconhecimento, o título de Major Honorário da Guarda Nacional, em 1893.
Sua eleição para a Câmara municipal, em 1895, porém, faz eclodir uma grande crise política fomentada pelos setores racista. Ela começa com a negação de sua posse como vereador.
A batalha judicial que se segue, chega aos tribunais paulistanos, e termina com a vitória de Quintino. Prevendo o desfecho em favor do líder negro, o presidente da Câmara, Manoel Maria Tourinho, renunciou ao mandato, seguido pelo vereador Alberto Veiga. O novo presidente José André do Sacramento Macuco, foi obrigado a empossar Quintino, mas renunciou também ao mandato, em seguida, declarando-se "enojado com o que via", segundo Francisco Martins dos Santos("Histórias de Santos").
Registra o mesmo Historiador que apenas um dos inimigos de Quintino permaneceu na Câmara, embora passasse a não mais comparecer às sessões, Olímpio Lima, diretor do jornal "A Tribuna do Povo".
As atividades da Câmara foram suspensas até 1º de junho, quando voltou a funcionar, sob a presidência interina do próprio Quintino.
No dia 9, os cargos vagos são preenchidos e, a 16, com base na Lei Eleitoral e devido às ausências em plenário, Quintino propõe e obtém, pôr unanimidade, a cassação de Olímpio Lima. O Jornalista, inconformado, voltou à Câmara a 12 de julho, tão logo foi empossado o novo presidente Antônio Vieira de Figueiredo, mas foi solicitado a retirar-se, já que seu mandato fora cassado. Lima iniciou uma série violenta de ataques contra Quintino em seu jornal, e à própria Câmara, num processo que culminaria, pôr fim, com a revogação da Constituição Municipal autônoma, que fora em 15 de novembro de 1894 e durou menos de um ano.
Quintino de Lacerda morreu em 10 de agosto de 1898, deixando três filhos menores. Seu enterro foi acompanhado pôr um grande número de pessoas, um testemunho do reconhecimento de sua importância histórica.
FONTE DO TEXTO
Publicação no Diário Oficial do Município de Santos em 09 de julho de 1989.
Trabalho Conclusão do Curso de Licenciatura Plena em História
Autora Márcia Campelo de Souza, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Santos da Universidade Católica de Santos 68 páginas, data 30/11/1987.
Historiadora de Santos Wilma Therezinha Fernandes de Andrade .
terça-feira, 10 de junho de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário