sexta-feira, 18 de setembro de 2009

RESISTÊNCIA NEGRA SEVERIANA

18 DE OUTUBRO 1968
41 aniversário da
RESISTENCIA NEGRA SEVERIANA
HÁ 41 ANOS- Era fundado o Movimento Negro Contemporâneo de Sergipe, com o signo da mística do Teatro e da Tradição Popular, assinalando o Canto do Povo Populorum Cantun . O Mundo festejava a mudança de Opiniões a Atitudes com diversas ações contestadoras em todos os Continentes.Era a era de sorrir lutando contra as desigualdades por uma ação direta de liberação, a luta por Direitos contra os privilégios.
Luta essa que continua a despeito das ações inovadoras e revolucionárias. O Brasil cristalizava opressões numa ditadura equivocada, repressora e reducionista num centralismo perverso onde as liberdades foram ofuscadas pela violência do poder ditatorial.
No dizer de Mário Maestri in Brasil, 1968 – Assalto ao Céu, a descida ao inferno, salientando O Poder Negro(http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=957)
A situação internacional era tensa e dinâmica. Após o fiasco dos regimes árabes conservadores, com destaque para o Egito, a Síria e a Jordânia, na Guerra dos Seis Dias, contra Israel, de inícios de junho 1967, a guerrilha palestina assumia a luta anti-sionista em lugar das direções conservadoras desmoralizadas. Com a crise econômica chegando aos USA, em boa parte devido aos gastos de guerra, que antes haviam apenas garantido lucros ao grande capital, o movimento pacifista estadunidense questionava duramente a intervenção no Vietnã e os valores do american way of life. O imperialismo yankee era golpeado no próprio ventre. Malcolm X fora assassinado em fevereiro de 1965, em Nova York, mas o black power fortalecia-se e os bairros negros ardiam sob o fogo do ódio da população humilhada. Os hispano-estadunidenses e as próprias populações ameríndias levantavam também a cabeça. No Vietnã, em 30 de janeiro 1968, morreriam os sonhos de vitória militar, com a ofensiva do Ano Ted, durante a qual os vietcongs atacaram mais de trinta cidades sul-vietnamitas e a própria embaixada USA, em Saigon. Entretanto, a classe operária estadunidense mantinha-se imóvel sob a hegemonia do grande capital.
Com o advento da Nova República as ações em torno da Ancestralidade e das Questões e condições do Negro Sergipano, explicitou as manifestações em torno da luta racial num intenso combate ao Racismo e a busca de visibilidade do Coletivo Negro Sergipano, com ações inovadoras.
O Governo das Mudanças, representado pelo PT através da sagração de Luiz Ignácio Lula da Silva a presidência da Republica, desestruturou o signo de luta e cristalizou-se os privilégios em torno do Partido dos trabalhadores através das perseguições as Entidades não alinhadas, trazendo os manifestos da Ditadura Militar e, a militância em torno das questões coletivas foram desviadas para as individuais privilegiando os amigos e lideranças do partido. A transformação do Movimento Negro desestruturou o Coletivo e engessou as ações, criando um universo distante ao combate transformando lideranças em personalidades opressoras da Comunidade Negra em defesa do governo.
Sergipe que detinha um segmento de Entidades Negras forte e combativa, de repente se transformou em canteiro de mendicantes e de milicianos partidários, predadores da comunidade, o Coletivo Negro ficou a deriva sem representação, pois os antigos militantes e lideranças se aliaram ao governo, deixando o Estado sem ações em torno da resistência negra, atendendo a política do partido e do governador, passou de um movimento de mudanças, para movimento partidário.
A Intolerância e o Racismo Institucional cristalizaram pela ausência de Políticas Públicas, governo e Estado, as perseguições se tornaram mais forte que o regime militar, diversas lideranças tiveram cabeças decepadas, alijadas das ações, vilipendiadas e Entidades destruídas e enfraquecidas. Negro contra negros em defesa do governo e do partido com prejuízos para a comunidade, sem Cultura, Educação, Saúde, Segurança, Emprego, criminalizada, discriminada e vilipendiada.
Hoje a trajetória do Fundador do Movimento Negro Contemporâneo de Sergipe é omitida e silenciada pelos próprios negros militantes da milícia partidária. Sem respeito a sua história, sem direitos a expressão e constantemente vilipendiado, assinala os 41 anos de atividades ininterruptas e de luta contra toda forma de discriminação, hoje discriminado e mesmo assim, assinala sempre que pode, o racismo institucional do Estado e do governo, a descaracterização e etnocentrismo da educação, saúde, a violência da segurança e que Sergipe ainda é o Estado mais Racista da Federação.
Sem espaço nas mídia , rádios, jornais e TVs – busca na internet o instrumento de expressar o pensamento do negro revoltado, mesmo tendo paginas de relacionamentos fechadas por ter publicado denuncias raciais contra o governo e contra o PT. Neste sentido a mídia protege ladrões, traficantes e viciados, mas não abre espaço para Severo D’Acelino, para não perderem os privilégios que o governador oferece aos jornais, rádios e televisões, alem dos CCs aos jornalistas.
Hoje o governador tem o controle total do negro. Estamos vivendo o séc 17 em pleno séc 21, quem manda é o governador. Dizer quer os poderes são autônomos é querer demais, só no papel, no mais quem manda e desmanda é o governador deste estado teocrático e racista.
A nossa História é até hoje omitida e vilipendiada, a nossa Cultura, folclorizada e reduzida pelo governo através de suas ações na secretaria de educação , na de cultura e conselho estadual de cultura. Só as ações dos brancos são levadas em conta pelo governador, cultura negra é coisa de preto, de policia e tem de ser aturada como folclore.
Negros no staff do governador são brancos, em pensamento, atitudes e comportamentos. Nunca o governador estimulou ou atendeu manifestos de negros. O “Projeto Cultural de Educação” João Mulungu vai ás Escolas” um projeto afirmativo e vitorioso que era desenvolvido por uma Entidade Negra, no âmbito da Educação e que foi suspenso antes denuncia que o Projeto estava fazendo política para o DEDA, a Entidade Casa de Cultura Afro Sergipana e seu Coordenador José Severo dos Santos, após a vitoria do DEDA, foi excluída das ações do Estado e do projeto do governador, considerada inapta pela secretaria de educação de DEDA, sob o comando da racista do DED e do Secretário Branco que se dizia negro e respeitava Severo quando era reitor da universidade, a racista do DED, Ladeira,professora de historia da universidade desde lá ,já praticava racismo contra Severo.
A nossa cultura considerada baixa e inferior pelo governador e seus seguidores, carece de referencial e a sua produção inexiste, principalmente a literatura. Exemplifica que o Marco de Resistência Negra do Sertão Sergipano, a nossa Constituição consagrou a Lampião. Pois a Área Remanescente de Antigos Quilombos, marco do Patrimônio Afro Sergipano é consagrada a Lampião e o negro ficou de mãos abanando. A mesma coisa se aplica a nossa literatura, pois os negros intelectuais aqui são brancos, daí a literatura não existe.
Considerando a situação encaminhamos solicitação ao governador de um apoio cultural para edição de dois títulos da nossa lavra sobre a literatura Afro Sergipana. VISÕES DO OLHAR EM TRANSE e QUELÓIDE, poemas transculturais do negro sergipano. O processo encaminhado a secretaria de cultura e vetado pelo seu secretário que se mostrou invadido e disse como resposta que” quem manda na secretaria sou eu. Eu sou o secretário, portanto o pedido deveria ter sido dirigido a mim e não ao governador”. Moral da história, os títulos não foram editados e na época era eu, conselheiro estadual de cultura.
Por isso: Sergipe é um Estado tão racista que o negro tem vergonha de ser negro, sobretudo os intelectuais que pensam branco e só produzem textos universais, fugindo do regionalismo, do racial das tradições, usos e costumes do negro. Não retratam as condições e as questões negras, fugindo do reverencial inferior, para situar no grupo dominador negando a Sergipe o manifesto e pujança de sua cultura matriz.
A literatura sergipana é uma literatura branca, eurocêntrica feita por negros estereotipados, sem referencia ou identidade natural. Aqui não há uma literatura negra de eventos, episódios, pensamento, cores e culturas, só se assinala o potencial branco, dominador, etnocêntrica onde o negro quando aparece é cristalizado como coisa, e essa coisificação do negro, exemplifica a filosofia racista e reducionistas dos negros das casas grandes, que almejam a continuidade histórico e cultural do domínio dos senhorial.
O Estado e o governo se omitem , para não investir ou reconhecer a realidade cultural do segmento que eles baniram e que sistematicamente estão cooptando nomes destacados, como personalidades brancas, estes branqueamentos se tornaram tradicional, quando o negro se destaca, automaticamente vira branco, reconhecido pelo Estado e pelos governos, os demais ficam alijados até que o ato se consagre. É o DNA do Poder. O estado e o governo não investem em negros, para eles o negro não tem potencialidade , pensamento ou criatividades só impulsos e criminalidade, cuja cultura é baixa e inferior, tem que ser tratado com rédeas curtas. Com a palavra o governador do PT, o descendente de vaqueiro( talvés ele desconheça que vaqueiro é referencia de negro, pois uma das primeiras ocupação do negro escravisado em Sergipe do Rey, foi de vaqueiro) o Arianista Marcelo Chagas Deda.
VISÕES DO OLHAR EM TRANSE e QUELÓIDE – Poemas tranculturais do negro sergipano, marcos de minha produção literária, indicativo da literatura afro sergipana, anteriormente autorizada a edição pelo governo, mas desautorizada pelo seu secretário de cultura num equivoco histórico, busco agora numa campanha junto a Vereadores da Capital, Deputados Estaduais , Federais e Senadores condições para a edição dos títulos, importantes para o coletivo negro sergipano e o próprio estado que oportuniza a leitura de conteúdo étnico distinto. Na área de educação, tive meu trabalho roubado pelo diretor da SEPIR, trata-se do Livro de Testes, com mais de 600 páginas . A SEPIR disse que publicaria para repassar as escolas de Sergipe, e eu fiquei no prejuízo Carlos Trindade é o responsável por esta tragédia, felizmente meu editor tem a memória. Agora não entrego mais o material sem antes distribuir para evitar esses equívocos . Dirigimos as autoridades nestes termos:
“Cumprimentando Vossa Excelência, vimos postular vosso apoio pessoal, a edição de nossa produção, depositada na SEGRASE a espera de uma ação afirmativa para a impressão.Trata-se de memorial da Literatura Afro Sergipana, representada pelos títulos “QUELOIDE” e “VISÕES DO OLHAR EM TRANSE”
Sabemos não ter credenciais,mérito ou credibilidade para postular tal empresa ,junto Vossa Excelência esse tipo de propositura, mas a importância do manifesto nos anima a pedir Apoio Cultural para a Edições dos títulos.
Nosso manifesto se justifica por causas justas, de eventos que fugiram ao nosso alcance e nos deixaram com sérias dificuldades para gerenciar as conseqüências. Fomos vítimas de diversos eventos, que nos impossibilitaram a realização da produção e nos deixaram extremamente endividados, (nossa sede foi invadida e perdemos tudo, estamos envidando esforços para recuperar o prédio e retornar as ações) há muito desejada e esperada pela comunidade sergipana, uma contribuição ímpar a literatura sergipana em seu signo e conteúdo de inspiração afro, trazendo o pensamento e diversidade do negro em toda a sua expressão política e tradicional.
As cobranças são constantes, principalmente dos grupos ligados as personalidades que contribuíram com suas análises, enriquecendo o conteúdo contextual, dentre elas, Bispos, juristas, psicólogos, historiadores, jornalistas que contribuíram com seus estudos a expressão da obra.
A vossa contribuição, deverá ser encaminhada diretamente a SEGRASE ( Serviços gráficos de Sergipe), em favor das Edições MemoriAfro, e,(estaremos reservando a contra capa, para o Memorial de Apoio Cultural, onde gravaremos para a comunidade a vossa participação na produção da obra.) Não se preocupe a quantidade,contribua de acordo a disposição, esperamos tão somente vossa contribuição para que possamos em tempo, repassar as comunidades as nossas produções literária.
A literatura sergipana é tradicionalmente expressiva e festejada, no entanto, carece da temática negra da produção e presença do negro, como autor e personagem contando e vivendo seus episódios sociais, culturais, políticos , religiosos e tradicionais, expressando sua linguagem e psicologia. Essa literatura é agora, tardiamente, inaugurada pelas edições MemoriAfro que vem sofrendo problemas de continuidades.
A Casa de Cultura Afro Sergipana, fundada em1968, expressa seu manifesto em favor da Literatura Afro Sergipana e das Edições MemoriAfro.
Os títulos , após a edição, serão repassados a comunidade a cinco reais, em favor da Área de Vivencia Social (http://severod.blogspot.com/) , oportunizando a difusão em todo Estado.
Certo de vossa expressão a cultura sergipana.
Respeitosamente,
José Severo dos Santos
Coordenador Geral
CASA DE CULTURA AFRO SERGIPANA ANO DO QUADRAGÉSSIMO PRIMEIRO ANIVERSÁRIO
OUTUBRO 1968. OUTUBRO 2009”
Por entender que: se cada um contribuísse com o mínimo de 200 reais, teríamos a publicação da edição comemorativa e, a trilogia.... estaria composta com o Panáfrica Africa Iya N’La, patrocinada pelo Deputado Jorge Araujo no governo de Albano, quando Secretário da Casa Civil. Mas como se diz lá na Roça: “ Kosi ewe Kosi Orixa”. Pedi não arranca pedaços e não tira a dignidade de ninguém
EU Severo D’Acelino, Militante e Fundador do Movimento Negro em Sergipe, Bahia e Alagoas, Ativista dos Direitos Civis,com um vasto currículo e serviços prestado ao Estado e ao País conhecido, condecorado,respeitado nacional e internacionalmente, desrespeitado, vilipendiado e segregado em minha própria terra, numa perversa inversão de valores, posso dizer sem nenhuma restrição: Tenho Orgulho de ser Negro Brasileiro e, Vergonha de ser Sergipano.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

SEVERO D'ACELINO.



SEVERO D’ACELINO. - José Severo dos Santos. Sergipano de Aracaju(47) Filho de Acelino Severo dos Santos e Odília Eliza da Conceição, neto de Mãe Eliza de Aiyrá. Casado com Maria José Dias Porto Severo dos Santos, Pai de Obanshe e Iyanzamé Severo D’Acelino e Porto. Severo D’Acelino fundador do Movimento Negro contemporâneo de Sergipe(68) Bahia(73) Alagoas(80) é Ativista dos Direitos Civis, Militante do Movimento Negro – Fundador e Coordenador Geral da Casa de Cultura Afro Sergipana Ex-GRFACACA(68) Conselheiro Estadual de Cultura. Autor de diversas monografias sobre a temática afroindigena com ênfase na cultura popular e religiosa sergipana, egresso das universidades federais de Sergipe e da Bahia. Não tem formação teórica. Poeta, Dramaturgo, Ator, Compositor, Contista, Pesquisador Conferencista, Coreógrafo.Dirigiu Navio Negreiro, Vozes D”África, De Como Revisar Um Marido Oscar, Terra Poeira In Cantus, Algemas Partidas;, Save Our Sur; Dança dos Inkices D’Angola, Água de Oxalá, Iybó Iná Iyê, Suíte Nagô. Protagonizou no cinema o personagem Galanga Gonguemba Iybiala Chana,,conhecido por CHICO REY, atuou como Candelário em Espelho D’Água e como Alfredão no Seriado Tereza Baptista Cansada de Guerra, produziu e dirigiu o Documentário etnográfico Filhos de Obá apresentado no Congresso Internacional de Culturas Negras das Américas, África e Caribe . Participa do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, Instituto Nacional de Tradições e Cultura Afro Brasileira é Oni Odé do Iylê Ashe Opô Aiyrá. Autor de Panáfrica África Iya N’La, Quelóde, Visões do Olhar em Transe. Entre seus títulos e homenagens destacam: Cidadão Larangeirense., Bastião do Movimento Negro em Sergipe, pela Secretária Estadual de Cultura, bem como Diploma Memorial do Teatro Sergipano, Secretaria de Justiça de Sergipe o Troféu de Igualdade Racial, a Medalha de Mérito Cultural Ignácio Barbosa, pelo Município de Aracaju, o Troféu CURTA-SE. Foi Conselheiro Municipal de Cultura e Conselheiro Nacional do Memorial Zumbí. Em luta contra o Racismo em Sergipe, tem desenvolvido diversas ações no Legislativo na produção de Leis capazes de atenuar os conflitos decorrentes da falta de Políticas Públicas e dar visibilidade ao coletivo negro sergipano, com ênfase no preto e seu Arquivo Humano e Patrimônio Cultural, como o Tombamento do Terreiro Filhos de Obá, e o reconhecimento de JOÃO MULUNGU E QUINTINO DE LACERDA como Heróis Negro Sergipano.Autor dos projetos de Inclusão da Cultura Negra nas grades das disciplinas do ensino fundamental e médio do Estado, uma votada pelo Conselho Estadual de Educação em 86 e outra votada pelo Legislativo Estadual em 99. É contra a reserva de vagas para negros nas universidades, se bate para que o negro seja contemplado com a releitura da educação onde a prática da metodologia inclusiva com conteúdos racial seja implementado em todas as disciplinas no sentido da relevância do negro e suas culturas na sociedade sergipana como instrumento para atenuar o apartheid e combater o racismo, alimentado pelo Estado através dos seus poderes. “Dentre os projetos mais importantes destaca o “Projeto Cultural de Educação ‘João Mulungu vai ás Escolas” onde itinerantemente difunde nas Escolas a importância do Negro e suas Culturas na formação da Cultura Sergipana, através da cultura local e para tanto produziu diversos Cadernos Pedagógicos sobre o tema e os Cadernos Diversidade Etno Históricos e Culturais dos Municípios dando ênfase ao Negro e o Índio, repensando a educação regionalizada, bem como o Livro de Teste Metodologia da Educação Inclusiva, prefaciada pelo expoente da cultura sergipana. Luiz Antônio Barreto. O Projeto Cultural de Educação na sua última edição atingiu 48.789 mil participante em 16 municípios da zona sul e foi politicamente retirado. Realizou diversos Cursos, Conferências e Palestras nas Escolas, Comunidades de Terreiros, Associações de Moradores, Faculdades, Organizações Militares e de Segurança, Comunidades Remanescentes de Antigos Quilombos e apresentado diversos projetos e temas em Seminários, Conferências estaduais, Internacional e Congressos a níveis Nacionais e Internacionais além de oferecer aos legislativos Municipais e Estadual diversos Projetos de interesse do coletivo afro negro sergipano, no âmbito dos Direitos Humanos, Religião,Arquivo Humano e Educação. Editou o Jornal IdentidadeS, veiculo de transformação e divulgação do conteúdo afro sergipano com o instrumento de debates coletivo sobre as nossas Questões e Condições, divulgando as grandes contribuições dos nossos pesquisadores e intelectuais sobre a temática. Lutar contra as adversidades é uma tarefa de inteligência e precisa de múltiplas estratégias para sobreviver e passar por cima das retaliações e dos ciúmes pessoais e coletivos. Temos um excelente Arquivo Humano, como referencial de Luta e dentre eles, João Mulungu, o Herói Negro de Sergipe e Quintino de Lacerda, o Herói Negro sergipano de Itabaiana, herói de Santos, Líder do maior Quilombo fora de Palmares. o primeiro vereador negro do Brasil e agraciado por bravura pela Presidente Marechal Floriano Peixoto. Seus reconhecimentos têm a chancela de Severo D’Acelino, ampliado pelos inúmeros admiradores e parceiros anônimos, da nossa luta, a luta do negro por melhores condições, dignidade e respeito. A luta continua é a Resistência Negra que pede passagem e busca aliados na revisitação ancestral e radicalização nas práticas democráticas na desconstrução dos mitos e revitalização da Identidade Etno Histórica e Racial. Hoje a Casa de Cultura Afro Sergipana (1968), passa por transformação estrutural e funcional, com seu foco na Educação e redirecionamento na metodologia através do Transculturalismo e Multiculturalismo como visão Panafricana da Diáspora Negra numa africanidade cultural que se instala com o Centro de Pedagogia Afro Sergipana, cujo objetivo é a formação e treinamento de professores e Agentes multiplicadores através de Cursos de Extensão Universitária, na sede e itinerante. Eu Severo D’Acelino, sou o alvo preferido pelos políticos dos quatros poderes de Sergipe,( a mídia, instrumentos dos poderosos só liberam espaços para negros na ação policial. É racista e comanda o apartheid no estado que se diz laico e democrático). Estou sempre excluído e perseguido pelas minhas afirmação e convicções denunciosas, mas não difamatórias ou desrespeitosas. Afirma que Sergipe é o Estado mais Racista do Brasil. 86% de sua população é negra, mas não se assume. Aqui o negro é o preto, os outros são brancos., daí não haver políticas públicas para negros. Atuação: em defesa do negro sergipano, através do Teatro, das Tradições Populares, dos Direitos Humanos, da Cultura e da Educação. Severo D’Acelino.

O PRODUTOR DA MEMÓRIA DE QUINTINO EM SANTOS



PROTAGONISTA DA ORGANIZAÇÃO
População Negra e Sambistas de Santos

PROJETO QUINTINO DE LACERDA, preservação da memória sobre a contribuição do NEGRO E SAMBISTA DE SANTOS, visando resgatar a verdadeira história, inclui a participação de diferentes autores cujas contribuições se fundem como Produção de Cultura Negra de Santos.

Direitos assegurados no artigo 5º da Lei Nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 a qual trata dos Direitos Autorais no Brasil, publicação realizada pela Câmara Municipal de Santos, conforme Oficio Nº 2934/91-SR data 28 de junho de 1991.

Consta a participação da Divisão Regional do Ensino, Secretaria Municipal de Educação e diversos Segmentos Organizados e Representativos da Comunidade Negra de Santos, Sindicatos, Clubes, Escolas de Samba e segmentos interessados total de 32.

A criação foi sugestão da historiadora de Santos Wilma Therezinha Fernandes de Andrade, para tal nos outorgou a integra do trabalho que orientou sobre a Vida de Quintino de Lacerda, monografia conclusão do Curso de Licenciatura Plena em História na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, Universidade Católica de Santos, autora Márcia Campelo.

A institucionalização das leis integradas aconteceu entre 1983 a 1988 pelo desempenho no desenvolvido no Projeto Quintino de Lacerda.

CONTRIBUIÇÃO VOLTADA PARA A IDENTIDADE, FATOR ECONÔMICO E REALIZAÇÃO DA CIDADANIA !!!

O maior prêmio é merecer a vida e, pela cultura, aprender a compartilhar para que esta vida seja melhor para todos.

Essa vida vivida com deveres e responsabilidades, mas também plena de direitos, beleza, criação e o poder de ser o que realmente somos: donos dos nossos próprios destinos.

Projeto Quintino de Lacerda Institucionalização da Produção de Cultura Negra na Baixada Santista Resumo e Texto Completo parte do Seminário Nacional de História e Cultura Afrobrasileira realizado de 19 a 22 de novembro de 2007, na cidade de Campina Grande – PB, sob responsabilidade do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e dos Povos Indígenas (Nea-í), da Universidade Federal da Paraiba

QUINTINO DE LACERDA ABOLICIONISTA




Quintino o Abolicionista
QUINTINO DE LACERDA O ABOLICIONISTA

O Fruto de Palmares vingou.

O sonho de liberdade cresceu cada vez mais.

A última grande luta, foi a campanha pela Abolição. Nela participaram muitos brasileiros, alguns contados pela História, outros injustamente esquecidos.

Aqui em Santos, tivemos uma grande figura Abolicionista esquecida pela História: Quintino de Lacerda.

Quem foi este homem ?

Nascido em Sergipe em 8 de junho de 1839, trabalhou como escravo na cozinha da família de Antônio Lacerda Franco, que o tratava como amigo.

Foi libertado pôr seu dono e escolhido pêlos Negros Abolicionistas como chefe do Quilombo do Jabaquara, para onde vinham os Negros fugidos de São Paulo.

Ali lutou pôr seu ideal, amparando os fugitivos com sua coragem.

Com a Lei Áurea, seu trabalho como Abolicionista terminou. Sua obra em prol da liberdade, foi reconhecida e alguns homens ilustres de Santos lhe ofertaram um relógio de ouro como homenagem do povo Santista.

13 de Maio

Autora: Regina Lacerda



No dia 13 de maio

Data da Abolição

Data esta marcada

Dentro de meu coração


Os Negros todos fugiam

No quilombo se escondiam

Quintino de Lacerda

Lá bem os recebiam

Dava-lhes casa e comida

Dava carinho também

até a data de hoje

Os Negros lhe querem bem

QUINTINO DE LACERDA O PRIMEIRO VEREADOR NEGRO DO BRASIL

A batalha judicial que se segue, chega aos tribunais paulistanos, e termina com a vitória de Quintino. Prevendo o desfecho em favor do líder negro, o presidente da Câmara, Manoel Maria Tourinho, renunciou ao mandato, seguido pelo vereador Alberto Veiga. O novo presidente José André do Sacramento Macuco, foi obrigado a empossar Quintino, mas renunciou também ao mandato, em seguida, declarando-se "enojado com o que via", segundo Francisco Martins dos Santos("Histórias de Santos").

Registra o mesmo Historiador que apenas um dos inimigos de Quintino permaneceu na Câmara, embora passasse a não mais comparecer às sessões, Olímpio Lima, diretor do jornal "A Tribuna do Povo".

As atividades da Câmara foram suspensas até 1º de junho, quando voltou a funcionar, sob a presidência interina do próprio Quintino.

No dia 9, os cargos vagos são preenchidos e, a 16, com base na Lei Eleitoral e devido às ausências em plenário, Quintino propõe e obtém, pôr unanimidade, a cassação de Olímpio Lima. O Jornalista, inconformado, voltou à Câmara a 12 de julho, tão logo foi empossado o novo presidente, Antônio Vieira de Figueiredo, mas foi solicitado a retirar-se, já que seu mandato fora cassado. Lima iniciou uma série violenta de ataques contra Quintino em seu jornal, e à própria Câmara, num processo que culminaria, pôr fim, com a revogação da Constituição Municipal autônoma , que fora em 15 de novembro de 1894 e durou menos de um ano.

Quintino de Lacerda morreu em 10 de agosto de 1898, deixando três filhos menores. Seu enterro foi acompanhado pôr um grande número de pessoas, um testemunho do reconhecimento de sua importância histórica.



Fonte: Historiadora de Santos Wilma Therezinha Fernandes de Andrade


Este resumo é parte do Trabalho Conclusão do Curso de Licenciatura Plena em História, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Santos da Universidade Católica de Santos.
Autora: Márcia Campelo.



Publicado no Diário Oficial do Municío

QUINTINO DE LACERDA - HEROI NEGRO DE ITABAIANA



Quintino de Lacerda - Itabaianense Heroi Negro
Chefe do Quilombo do Jabaquara e primeiro líder político negro de Santos. Nascido em 08 de junho de 1839, Quintino de Lacerda, foi o mais atuante agitador da abolição no litoral Paulista, garantindo abrigo a escravos fugitivos de toda a região do planalto, que aqui buscavam defesa.

O Quilombo do Jabaquara, na descrição de Silva Jardim, era verdadeiramente inexpugnável, defendido pelas encosta do morro do Jabaquara e com um único caminho de acesso permanentemente guardados pôr sentinelas de Quintino.

Em 1850 haviam 3.189 escravos em Santos, para uma população livre de 3.956 habitantes.

Não deixa de ser surpreendente que quinze anos depois já existia uma forte resistência organizada e que três meses antes da abolição do instituto da escravidão no Brasil, em Santos já não houvesse escravos. Tanto que dia 13 de maio de 1888 seguiram-se oito dias de festa populares, comícios, passeatas músicas e dança nas ruas.

Quintino de Lacerda, foi o centro das atenções e chegou a receber, em solenidade pública, um relógio de ouro, como um homenagem popular a seu mais querido líder abolicionista.

Com a abolição, o irrequieto Quintino lança-se à luta política, incorporando, pela primeira vez, os negros ao processo político na cidade. Organiza e comanda um batalhão na defesa contra uma possível invasão de tropas rebeldes interessadas em depor o Marechal Floriano Peixoto. Recebe, em reconhecimento, o título de Major Honorário da Guarda Nacional, em 1893.

Sua eleição para a Câmara municipal, em 1895, porém, faz eclodir uma grande crise política fomentada pêlos setores racista. Ela começa com a negação de sua posse como vereador.

, em seguida, declar

terça-feira, 10 de junho de 2008

QUINTINO DE LACERDA O HOMEM PÚBLICO

Quintino o Homem Público
QUINTINO DE LACERDA O HOMEM PÚBLICO

Logo após a proclamação da Republica, o Marechal Deodoro renuncia e assume a Presidência o Vice Marechal Floriano Peixoto.

Como este não convocou eleições para escolher um novo presidente da Republica, ocorreram várias revoltas contra Floriano Peixoto.

Quintino de Lacerda, como a maioria dos Santistas, deu seu apoio ao vice-presidente em exercício. Durante uma revolta da Marinha, Santos foi bombardeada e entre os batalhões formados pelo povo, um era liderado pôr Quintino de Lacerda.

Como recompensa, recebeu do Governo Federal o título de Major da Guarda nacional.

em 1895, Quintino de Lacerda foi eleito vereador, exercendo seu mandato, sem faltar à nenhuma sessão, sendo nomeado intendente de obras públicas.

morreu em 1898, sendo enterrado no cemitério do Paquetá, onde mais de 800 pessoas prestaram homenagem a este estimado personagem.

Raça Reação e Ação

Autor: Luiz Edson da Luz (João de Belo)

Vamos raça

Mostremos união

ou será que ainda

não aprendemos a lição



Nos espelhamos em Quintino

que sozinho teve força, brio e tino

um Baluarte da Abolição



Aguerrido, politizado

Líder, nato, destacado

jamais titubeou

Não ficou indiferente

agregou a sua gente

sua lida eternizou



Vamos raça

mostremos união

no final celebraremos

a luta jamais será em vão

VIDA DE QUINTINO DE LACERDA

Chefe do Quilombo do Jabaquara e primeiro líder político negro de Santos. Nascido em 08 de junho de 1839, Quintino de Lacerda, foi o mais atuante agitador da abolição no litoral Paulista, garantindo abrigo a escravos fugitivos de toda a região do planalto, que aqui buscavam defesa.

O Quilombo do Jabaquara, na descrição de Silva Jardim, era verdadeiramente inexpugnável, defendido pelas encosta do morro do Jabaquara e com um único caminho de acesso permanentemente guardados pôr sentinelas de Quintino.

Em 1850 haviam 3.189 escravos em Santos, para uma população livre de 3.956 habitantes.

Não deixa de ser surpreendente que quinze anos depois já existia uma forte resistência organizada e que três meses antes da abolição do instituto da escravidão no Brasil, em Santos já não houvesse escravos. Tanto que dia 13 de maio de 1888 seguiram-se oito dias de festa populares, comícios, passeatas músicas e dança nas ruas.

Quintino de Lacerda foi o centro das atenções e chegou a receber, em solenidade pública, um relógio de ouro, como uma homenagem popular a seu mais querido líder abolicionista.

Com a abolição, o irrequieto Quintino lança-se à luta política, incorporando, pela primeira vez, os negros ao processo político na cidade. Organiza e comanda um batalhão na defesa contra uma possível invasão de tropas rebeldes interessadas em depor o Marechal Floriano Peixoto. Recebe, em reconhecimento, o título de Major Honorário da Guarda Nacional, em 1893.

Sua eleição para a Câmara municipal, em 1895, porém, faz eclodir uma grande crise política fomentada pelos setores racista. Ela começa com a negação de sua posse como vereador.

A batalha judicial que se segue, chega aos tribunais paulistanos, e termina com a vitória de Quintino. Prevendo o desfecho em favor do líder negro, o presidente da Câmara, Manoel Maria Tourinho, renunciou ao mandato, seguido pelo vereador Alberto Veiga. O novo presidente José André do Sacramento Macuco, foi obrigado a empossar Quintino, mas renunciou também ao mandato, em seguida, declarando-se "enojado com o que via", segundo Francisco Martins dos Santos("Histórias de Santos").

Registra o mesmo Historiador que apenas um dos inimigos de Quintino permaneceu na Câmara, embora passasse a não mais comparecer às sessões, Olímpio Lima, diretor do jornal "A Tribuna do Povo".

As atividades da Câmara foram suspensas até 1º de junho, quando voltou a funcionar, sob a presidência interina do próprio Quintino.

No dia 9, os cargos vagos são preenchidos e, a 16, com base na Lei Eleitoral e devido às ausências em plenário, Quintino propõe e obtém, pôr unanimidade, a cassação de Olímpio Lima. O Jornalista, inconformado, voltou à Câmara a 12 de julho, tão logo foi empossado o novo presidente Antônio Vieira de Figueiredo, mas foi solicitado a retirar-se, já que seu mandato fora cassado. Lima iniciou uma série violenta de ataques contra Quintino em seu jornal, e à própria Câmara, num processo que culminaria, pôr fim, com a revogação da Constituição Municipal autônoma, que fora em 15 de novembro de 1894 e durou menos de um ano.

Quintino de Lacerda morreu em 10 de agosto de 1898, deixando três filhos menores. Seu enterro foi acompanhado pôr um grande número de pessoas, um testemunho do reconhecimento de sua importância histórica.



FONTE DO TEXTO

Publicação no Diário Oficial do Município de Santos em 09 de julho de 1989.

Trabalho Conclusão do Curso de Licenciatura Plena em História

Autora Márcia Campelo de Souza, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Santos da Universidade Católica de Santos 68 páginas, data 30/11/1987.

Historiadora de Santos Wilma Therezinha Fernandes de Andrade .

EXALTAÇÃO A QUINTINO DE LACERDA

Autores: Gilberto de Oliveira (Giba)

Cláudio Santana (Santaninha)



Hoje lembra o povo Santista

Um pujante legalista; de mentalidade rara

Poucos sabem de sua História tão distante da memória

O Quilombo do Jabaquara


Falo de Quintino de Lacerda

O Condigno honorário; de uma Guarda Nacional

concedida então pelo governo; reconhecendo o

direito de toda sua causa legal.


Precaveu-se contra os rebeldes

Preparou todo o seu batalhão


sob seu pujante comando

Evitando assim a invasão

Foi tumultuada a sua posse

não deixou pôr terra o seu valor

que perante o tribunal paulista

Negro Abolicionista sagrou-se Vereador


Faça então constar

a lei que já nos foi dita

tanto para os imortais

ou para quem nela acredit

RECONHECIMENTO OFICIAL EM SANTOS

Reconhecimento Oficial Quintino de Lacerda
Santos, 19 de julho de 1991

Of. Nº 3722/91-SR

Req. Nº 2008/91

Prezado Senhor

Levo ao conhecimento de V. S.a que a Câmara Municipal de Santos, em sessão realizada a 27 de maio p. passado, aprovou requerimento de autoria da vereadora Sr.a Suely Maia, com subscrição desta Presidência, no sentido de ser consignado, em ata, voto de congratulações pela passagem do "Dia Municipal de Quintino de Lacerda", bem como solicitando o envio, à Comissão Permanente de Educação e Cultura desta Casa de Leis, do acompanhamento do "Projeto Quintino de Lacerda, que está em andamento, visando ao entrosamento dos Vereadores deste legislativo com todos os eventos ligados ao projeto supracitado.

Permita-me anexar ao presente cópia de justificativa ao requerimento em questão.

Valha-me o ensejo para reiterar a V. S.a protesto de elevado apreço.

Matsutaro Uehara

1º vice-Presidente

Dr. Gilberto Tayfour

Presidente

A

Associação de Defesa da Comunidade Negra e Sambista.

Justificativa

Ref. Req. N.º 2008/91

"Sr. Presidente;

Srs. Vereadores

A lei Municipal n.º 2557/62 instituiu 13 de maio "Dia Municipal de Quintino de Lacerda". Reavivar na memória do povo santista a História do Maior Líder Negro que existiu em nossa Região é nosso objetivo.

Quintino de Lacerda chefiou o Quilombo do Jabaquara, dando proteção aos escravos fugitivos, arriscando a própria vida pela causa abolicionista. Foi também Quintino de Lacerda vereador eleito em nossa cidade e Presidente desta Casa, na primeira legislatura republicana, enfrentando a discriminação e lutando pelos direitos constitucionais."

S.S./ 27 de maio de 1991

(a) Suely Maia

QUINTINO DE LACERDA







(1839 - 1898)



Resumo da História



Chefe do Quilombo do Jabaquara e primeiro líder político negro de Santos. Nascido em 08 de junho de 1839, Quintino de Lacerda, foi o mais atuante agitador da abolição no litoral Paulista, garantindo abrigo a escravos fugitivos de toda a região do planalto, que aqui buscavam defesa.

O Quilombo do Jabaquara, na descrição de Silva Jardim, era verdadeiramente inexpugnável, defendido pelas encosta do morro do Jabaquara e com um único caminho de acesso permanentemente guardados pôr sentinelas de Quintino.

Em 1850 haviam 3.189 escravos em Santos, para uma população livre de 3.956 habitantes.

Não deixa de ser surpreendente que quinze anos depois já existia uma forte resistência organizada e que três meses antes da abolição do instituto da escravidão no Brasil, em Santos já não houvesse escravos. Tanto que dia 13 de maio de 1888 seguiram-se oito dias de festa populares, comícios, passeatas músicas e dança nas ruas.

Quintino de Lacerda, foi o centro das atenções e chegou a receber, em solenidade pública, um relógio de ouro, como um homenagem popular a seu mais querido líder abolicionista.

Com a abolição, o irrequieto Quintino lança-se à luta política, incorporando, pela primeira vez, os negros ao processo político na cidade. Organiza e comanda um batalhão na defesa contra uma possível invasão de tropas rebeldes interessadas em depor o Marechal Floriano Peixoto. Recebe, em reconhecimento, o título de Major Honorário da Guarda Nacional, em 1893.

Sua eleição para a Câmara municipal, em 1895, porém, faz eclodir uma grande crise política fomentada pêlos setores racista. Ela começa com a negação de sua posse como vereador.

A batalha judicial que se segue, chega aos tribunais paulistanos, e termina com a vitória de Quintino. Prevendo o desfecho em favor do líder negro, o presidente da Câmara, Manoel Maria Tourinho, renunciou ao mandato, seguido pelo vereador Alberto Veiga. O novo presidente José André do Sacramento Macuco, foi obrigado a empossar Quintino, mas renunciou também ao mandato, em seguida, declarando-se "enojado com o que via", segundo Francisco Martins dos Santos("Histórias de Santos").

Registra o mesmo Historiador que apenas um dos inimigos de Quintino permaneceu na Câmara, embora passasse a não mais comparecer às sessões, Olímpio Lima, diretor do jornal "A Tribuna do Povo".

As atividades da Câmara foram suspensas até 1º de junho, quando voltou a funcionar, sob a presidência interina do próprio Quintino.

No dia 9, os cargos vagos são preenchidos e, a 16, com base na Lei Eleitoral e devido às ausências em plenário, Quintino propõe e obtém, pôr unanimidade, a cassação de Olímpio Lima. O Jornalista, inconformado, voltou à Câmara a 12 de julho, tão logo foi empossado o novo presidente, Antônio Vieira de Figueiredo, mas foi solicitado a retirar-se, já que seu mandato fora cassado. Lima iniciou uma série violenta de ataques contra Quintino em seu jornal, e à própria Câmara, num processo que culminaria, pôr fim, com a revogação da Constituição Municipal autônoma , que fora em 15 de novembro de 1894 e durou menos de um ano.

Quintino de Lacerda morreu em 10 de agosto de 1898, deixando três filhos menores. Seu enterro foi acompanhado pôr um grande número de pessoas, um testemunho do reconhecimento de sua importância histórica.



Fonte: Historiadora de Santos Wilma Therezinha Fernandes de Andrade


Este resumo é parte do Trabalho Conclusão do Curso de Licenciatura Plena em História, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Santos da Universidade Católica de Santos.
Autora: Márcia Campelo.



Publicado no Diário Oficial do Municío de Santos em 09 de julho de 1989.

RECONTAGEM - RACISMO


Apesar de ser crime, racismo persiste
Data: 27/02/2005
Há cerca de um mês uma jovem professora foi impedida de entrar no Teatro Tobias Barreto. O motivo? Ela é negra. Apesar de ter ido ao local como qualquer outra pessoa, pagando ingresso e tendo, portanto, o direito de assistir ao que bem quisesse, ela foi barrada. Fez denúncia, levou o caso até o conhecimento de movimentos representativos da comunidade negra, e não teve receio de relatar que foi tida como marginal. Racismo é crime contra a humanidade de caráter inafiançável.

Quem explica a situação é o coordenador geral da Casa de Cultura Afro-Sergipana, Severo D'Acelino, pesquisador da história e cultura negra. Ele milita no movimento negro desde a década de 60 e lamenta que apesar dos esforços empreendidos ao longo dos anos, a discriminação racial continua forte no país e Sergipe não fica atrás. A grande expectativa de Severo é que com a Conferência Estadual de Igualdade Racial, que acontece em Sergipe nos dias 8 e 9 de abril, promova ações mais concretas que impeçam o avanço do racismo no estado.

Severo observa que se faz urgente a afirmação de políticas públicas em relação ao negro, principalmente no que se refere à saúde e educação. Ele lembra da necessidade de se mudar comportamentos e atitudes, para que o negro possa ser respeitado e valorizado em todos os níveis, tendo seus direitos constitucionais legítimos assegurados na declaração dos direitos humanos. No âmbito da educação, o negro precisa, como observa Severo, de motivação e ainda de auto-estima para construção de sua identidade através de uma metodologia inclusiva onde a educação e aprendizagem possam de fato, dar a ele dignidade.
"O negro não nasceu para ser infeliz, e nem para fugir de sua própria raça, como solução para se manter na sociedade", observa o pesquisador. Ele atenta que o pardo e o mulato não se consideram negros e que Sergipe tem 86% da sua população um contingente da raça negra. Severo observa ainda que desde 1968, pesquisa essa questão. Negro, ele é de família oriunda dos canaviais do Cotinguiba tem em Gilberto Freire uma grande referência. Apesar de todo o esforço, uma lamentação: relata que a casa de cultura afro está praticamente de portas fechadas, por não ter como manter as atividades, sem recursos financeiros.
Ações - Mesmo com tantas dificuldades, Severo explica que Sergipe possui diversas ações afirmativas que foram alcançadas durante todos os anos de militância dos movimentos negros. A Casa de Cultura se destaca com o projeto João Mulungu Vai a Escola, levando conhecimento e informação do negro, e índio sergipano dentro de um processo étnico, histórico e cultural aprovado pelo Colegiado de Educação da Universidade Federal de Sergipe - UFS e reconhecido pelo Ministério da Educação.
A Casa de Cultura possui ainda ação de cunho legislativo com o reconhecimento do herói negro sergipano e a introdução de cultura negra na educação e em concursos públicos do estado. Existem ainda diversos projetos como o SOS Racismo no âmbito da comunidade e principalmente no seio da polícia, atingindo a Polícia Militar e Civil. "Hoje, há um entendimento bem melhor por parte da polícia em relação aos negros. Ainda não é o ideal. Existem casos graves de crimes contra o negro por parte da polícia, mas o passado é pior", explica Severo.

Ele lembra que o negro simplesmente por estar andando nas ruas, correndo ou nada fazendo, era visto como elemento nocivo à sociedade e apanhava publicamente por qualquer motivo. Hoje existe um entendimento maior e a PM vem buscando uma parceria com as entidades negras. Um outro trabalho é o Curso de Extensão mantido pela Casa de Cultura através do Centro de Pedagogia Afro-Sergipana, com o direito de promover a capacitação de professores nos assuntos de educação e aprendizagem na ação inclusive dos temas afros e indígenas.

Os cursos são de 40horas realizados em finais de semana e acontecem na sede da Casa de Cultura no bairro Siqueira Campos atendendo a universitários e professores. Dentre os temas debatidos, fica, como diz Severo, o problema da fuga empreendida pelo negro, de sua própria raça, para sobreviver. "É nesse sentido que esperamos ver as ações resultantes da Conferência Estadual, promover mudanças estruturais para que a igualdade racial seja o sinônimo da unidade e diversidade", observa o pesquisador.
Direitos e apoio - Severo D'Acelino atenta que por muitas vezes, o negro se sente constrangido e teme denunciar o racismo. Com isso, sofre calado, tem problemas cardíacos, estresse, palpitações e depressões profundas. Ele observa que há medo de denunciar para não perder o emprego. Outras vezes promove a denúncia, mas o racismo é qualificado como difamação e a pena para o infrator é atenuada. Ele conta que a Casa de Cultura recebe diariamente mais de 10 telefonemas por denúncia de racismo, mas, no momento, de testemunhar as pessoas temem se pronunciar.

A maioria não quer ir à delegacia, se sente inibida, por muitas vezes ser alvo de brincadeiras maldosas como piadas. Diante de tudo isso, Severo observa que seria importante uma delegacia específica para o atendimento dos negros e tratamento dos casos de racismo. "Isso deixaria as pessoas menos constrangidas e seguras de seus direitos, para que cheguem à Justiça sem sofrer nenhuma discriminação", ressalta. Sobre a Justiça, ele atenta que essa ainda não age com austeridade contra o crime de racismo.

Observa que poucas vezes, o racismo é configurado como deveria, o pesquisador lembra que o crime passa a ter muitas faces, muitos rótulos e quando se chega a um processo, por vezes, já se trata de outra acusação. "Precisamos lembrar o passado, de personalidades negras de Sergipe. Entre elas, estão: Tobias Barreto, Silvio Romero e João Mulungu. Eles não podem ser esquecidos", observa Severo deixando no ar a pergunta: se estivessem vivos também seriam discriminados?
Parceria - Ainda em relação a Conferência Estadual de Igualdade Racial, o secretário de Estado da Justiça e Cidadania, Emanuel Cacho esteve na manhã do último dia 23 na cidade de Estância participando ao lado do prefeito daquela cidade, Ivan Leite e de representantes de prefeitos de cidades circunvizinhas, da primeira de uma série de reuniões com prefeitos de Sergipe, no objetivo de conseguir apoio para a conferência que acontece pela primeira vez em Sergipe.

No dia 24, representantes da Sejuc estiveram em Nossa Senhora da Glória realizando a segunda reunião. Ele lembra que é de suma importância conseguir não só o apoio, mas subsídios dos prefeitos e assessores para a realização da conferência em Sergipe.
Site: http://www.correiodesergipe.com/lernoticia.php?noticia=3285

A GUERREIRA DO AMANHECER

MARIA EMILIA DOS SANTOS
D. BIBI
A guerreira do Amanhecer

Nascida e criada no Aribé em Aracaju no ano de 1927 em 30 de Agosto de Odília Eliza da Conceição e Acelino Severo dos Santos.
A menina irrequieta apelidada de carinhosamente de Bibi, estava sempre ocupada com os afazeres de casa, ajudando a criar seus irmãos e ainda pré-adolescente assumiu a responsabilidade do trabalho na fábrica de tecidos junto com sua irmã Nair.

Suas atividades políticas foi aperfeiçoada na fábrica junto com suas colegas operárias que como ela buscavam soluções para os problemas trabalhistas. Associou-se a JOC, Juventude Operária Católica surgida no seio da Igreja de onde fazia parte nas ações dos grupos.

Pertenceu ao Sagrado Coração de Jesus, foi grande colaboradora das obras da Igreja Nossa Senhora de Lourdes, sócia do Circulo Operário, contribuiu na construção do cinema Vera Cruz e estava presente em diversos Congressos Eucarístico e Operário, fazendo diversas viagens para fora do Estado na condição de representante. Voava sempre pela PANAIR. Hoje é Estrela na Constelação das Guerreiras do Amanhecer, sempre revitalizando e iluminando caminhos.

Sua vida em torno da família se estreitou mais ainda com o casamento de sua irmã Nair e a compra da Casa da Família, pelo antigo IAPETEC. Nunca descuidou da educação dos seus irmãos, seja na intelectual ou profissional, sua preocupação sempre esteve voltada para o coletivo, onde sua família era a prioridade.

Não se casou, suas ações estavam voltadas para as resoluções das melhorias de sua classe, família e amigos. Teve diversos afilhados, participou ativamente como apôio aos companheiros sindicalistas e políticos “ Comunistas”, mesmo sem nunca ter se filiado a qualquer partido, ajudava e contribuía com todos, desde que a procurasse ou tivessem precisando de ajudas.

Foi assim que durante a linha dura dos militares, auxiliou diversos companheiros, dando-lhes guaritas, servindo de intermediária, escondendo documentos e dando apôio as suas famílias.

Bibi já tinha memória da repressão, pois com quatro anos de idade, já percebia as movimentações na Casa de sua Avó, Mãe Eliza, que fez do seu Terreiro um reduto de proteção aos perseguidos pelo regime repressor do governo Maynard, que perseguia o Candomblé e os Comunistas.

A JOC não era bem vista pela classe política e era em determinado momento, considerada subversiva. Foi neste clima que viveu MARIA EMILIA DOS SANTOS, uma mulher extrovertida, amiga, acolhedora, ríspida, intolerante, dominadora, meiga, autoritária, chorona, empreendedora. Uma Mulher capaz de se excluir para incluir os outros. Sempre lutou por melhorias e suas atividades sociais estavam sempre, agregadas as atividades políticas, as políticas de sua reflexão.
Contribuiu com diversas associações, fundou e ajudou fundar outras tantas e contribuía inclusive com mensalidades.

Aposentada da Fábrica, não descansou um só minuto, fazia de suas amizades e conhecimentos, instrumentos pedagógico para o desenvolvimento da comunidade, seja arranjando emprego, encaminhando aos estudos, conseguindo apôio para famílias necessitadas, denunciando as condições da comunidade, criticando políticos, profissionais, agentes comunitários e outras lideranças por entender lesivas ou invasivas a comunidade.

Foi a grande incentivadora do seu irmão mais novo. Severo D’Acelino a quem chamava José. Foi Pai, Mãe, Critica Orientadora. Desde cedo o encaminhou a comunidade educacional e sempre o estimulou através dos seus exemplos a ações multiplicadoras. Foi sua crítica ferrenha. Incentivava o Teatro, as Tradições Populares e fundamentava as manifestações da Cultura Negra, criticando o modelo do Movimento Negro e suas relações com os demais participantes.

Estava sempre atenta a mídia, e qualquer movimento cultural.
Ajudou na sua formação intelectual, artística, militar etc. e contribuiu
com espaços a construção do Movimento Negro em Sergipe através do Grupo Regional de Folclore e Artes Cênica Amadorista “Castro Alves”, a atual Casa de Cultura Afro Sergipana, acompanhando todas as suas ações, fazendo inclusive por três gestões, parte da sua Diretoria.

Na área da educação e saúde e ação social, muito contribuiu, assumindo inclusive a manutenção da Escola Comunitária que manteve por muito tempo em sua residência e que por lá passaram centenas de alunos da Prainha do Santos Dumont.

Manteve até a sua morte, estreita relação com a Igreja e seus membros, adotando a Igreja de São Francisco como a sua Paróquia em substituição a Nossa Senhora de Lourdes do Bairro Siqueira Campos, onde muito contribuiu, mas que com sua mudança para o Santos Dumont, após a sua aposentadoria e para tomar conta do seu Pai, adotou o Animpum como a sua prioridade.

Construindo ações alternativas para a melhoria da Comunidade. Uma das suas ações foi a sugestão de compra pela Prefeitura do terreno ao lado de sua casa, para promover atendimentos a comunidade e como a primeira Dama era de suas relações, o ato foi consumado e convidada a prestar serviços ao município na área social, tornou-se funcionária pública e mais cômoda para prestar serviços a comunidade.

Ultimamente, dizimista da Igreja, estava sempre ocupando as ondas da Rádio Cultura, criticando, batendo papo com os seus amigos locutores, dando informes sobre as questões gerais e especificas da comunidade e, como Amiga do ALANON, estava sempre participando das reuniões. A sua participação na Rádio, notabilizou pelo jargão “Boa Noite, Boa Tarde ou Bom Dia Santos Dumont!!!”

Não posso enumerar as ações em torno de Dona EMILIA. Dona BIBI, a quem carinhosamente a chamava de FILHA e tive a infelicidade de estar ausente na sua partida. Meu coração já não bate com tanta freqüência. Minha Irmã, Minha Irmãe, Minha Filha, a que tanto amo, e lutamos juntos contra as ações invasivas de suas doenças, tardiamente diagnosticadas e, em 31 de Janeiro de 2007 a pouco mais de três horas da tarde, a perdemos.

O momento de Tributo é fugaz, trazem-nos imagens tênue, distorcidas, claras, escuras, mais nítidas de toda uma vida. De toda uma memória.

“Eu fui para Deus e não
esquecerei daqueles que amei
consolai Senhor, os que sofrem
com a minha morte, por que foi
grande a minha agonia.
Maior é a minha alegria na
Imensa gloria do Senhor.
Uma lágrima, uma dor, uma
Saudade deixei no coração de
todos que me conheceram e me
amaram. Mas, se o Senhor assim
quis, seja feita a sua Santíssima
vontade”


Bibi, o chamado nos deixou triste e
inconsoláveis, mais assim como Deus
a chamou para perto de si,
certamente nos confortará dando o
fortalecimento e a convicção de que
Você, apenas Nasceu para a Vida
Eterna.

A GUERREIRA DO AMANHECER


MARIA EMILIA DOS SANTOS
D. BIBI
A guerreira do Amanhecer

Nascida e criada no Aribé em Aracaju no ano de 1927 em 30 de Agosto de Odília Eliza da Conceição e Acelino Severo dos Santos.
A menina irrequieta apelidada de carinhosamente de Bibi, estava sempre ocupada com os afazeres de casa, ajudando a criar seus irmãos e ainda pré-adolescente assumiu a responsabilidade do trabalho na fábrica de tecidos junto com sua irmã Nair.

Suas atividades políticas foi aperfeiçoada na fábrica junto com suas colegas operárias que como ela buscavam soluções para os problemas trabalhistas. Associou-se a JOC, Juventude Operária Católica surgida no seio da Igreja de onde fazia parte nas ações dos grupos.

Pertenceu ao Sagrado Coração de Jesus, foi grande colaboradora das obras da Igreja Nossa Senhora de Lourdes, sócia do Circulo Operário, contribuiu na construção do cinema Vera Cruz e estava presente em diversos Congressos Eucarístico e Operário, fazendo diversas viagens para fora do Estado na condição de representante. Voava sempre pela PANAIR. Hoje é Estrela na Constelação das Guerreiras do Amanhecer, sempre revitalizando e iluminando caminhos.

Sua vida em torno da família se estreitou mais ainda com o casamento de sua irmã Nair e a compra da Casa da Família, pelo antigo IAPETEC. Nunca descuidou da educação dos seus irmãos, seja na intelectual ou profissional, sua preocupação sempre esteve voltada para o coletivo, onde sua família era a prioridade.

Não se casou, suas ações estavam voltadas para as resoluções das melhorias de sua classe, família e amigos. Teve diversos afilhados, participou ativamente como apôio aos companheiros sindicalistas e políticos “ Comunistas”, mesmo sem nunca ter se filiado a qualquer partido, ajudava e contribuía com todos, desde que a procurasse ou tivessem precisando de ajudas.

Foi assim que durante a linha dura dos militares, auxiliou diversos companheiros, dando-lhes guaritas, servindo de intermediária, escondendo documentos e dando apôio as suas famílias.

Bibi já tinha memória da repressão, pois com quatro anos de idade, já percebia as movimentações na Casa de sua Avó, Mãe Eliza, que fez do seu Terreiro um reduto de proteção aos perseguidos pelo regime repressor do governo Maynard, que perseguia o Candomblé e os Comunistas.

A JOC não era bem vista pela classe política e era em determinado momento, considerada subversiva. Foi neste clima que viveu MARIA EMILIA DOS SANTOS, uma mulher extrovertida, amiga, acolhedora, ríspida, intolerante, dominadora, meiga, autoritária, chorona, empreendedora. Uma Mulher capaz de se excluir para incluir os outros. Sempre lutou por melhorias e suas atividades sociais estavam sempre, agregadas as atividades políticas, as políticas de sua reflexão.
Contribuiu com diversas associações, fundou e ajudou fundar outras tantas e contribuía inclusive com mensalidades.

Aposentada da Fábrica, não descansou um só minuto, fazia de suas amizades e conhecimentos, instrumentos pedagógico para o desenvolvimento da comunidade, seja arranjando emprego, encaminhando aos estudos, conseguindo apôio para famílias necessitadas, denunciando as condições da comunidade, criticando políticos, profissionais, agentes comunitários e outras lideranças por entender lesivas ou invasivas a comunidade.

Foi a grande incentivadora do seu irmão mais novo. Severo D’Acelino a quem chamava José. Foi Pai, Mãe, Critica Orientadora. Desde cedo o encaminhou a comunidade educacional e sempre o estimulou através dos seus exemplos a ações multiplicadoras. Foi sua crítica ferrenha. Incentivava o Teatro, as Tradições Populares e fundamentava as manifestações da Cultura Negra, criticando o modelo do Movimento Negro e suas relações com os demais participantes.

Estava sempre atenta a mídia, e qualquer movimento cultural.
Ajudou na sua formação intelectual, artística, militar etc. e contribuiu
com espaços a construção do Movimento Negro em Sergipe através do Grupo Regional de Folclore e Artes Cênica Amadorista “Castro Alves”, a atual Casa de Cultura Afro Sergipana, acompanhando todas as suas ações, fazendo inclusive por três gestões, parte da sua Diretoria.

Na área da educação e saúde e ação social, muito contribuiu, assumindo inclusive a manutenção da Escola Comunitária que manteve por muito tempo em sua residência e que por lá passaram centenas de alunos da Prainha do Santos Dumont.

Manteve até a sua morte, estreita relação com a Igreja e seus membros, adotando a Igreja de São Francisco como a sua Paróquia em substituição a Nossa Senhora de Lourdes do Bairro Siqueira Campos, onde muito contribuiu, mas que com sua mudança para o Santos Dumont, após a sua aposentadoria e para tomar conta do seu Pai, adotou o Animpum como a sua prioridade.

Construindo ações alternativas para a melhoria da Comunidade. Uma das suas ações foi a sugestão de compra pela Prefeitura do terreno ao lado de sua casa, para promover atendimentos a comunidade e como a primeira Dama era de suas relações, o ato foi consumado e convidada a prestar serviços ao município na área social, tornou-se funcionária pública e mais cômoda para prestar serviços a comunidade.

Ultimamente, dizimista da Igreja, estava sempre ocupando as ondas da Rádio Cultura, criticando, batendo papo com os seus amigos locutores, dando informes sobre as questões gerais e especificas da comunidade e, como Amiga do ALANON, estava sempre participando das reuniões. A sua participação na Rádio, notabilizou pelo jargão “Boa Noite, Boa Tarde ou Bom Dia Santos Dumont!!!”

Não posso enumerar as ações em torno de Dona EMILIA. Dona BIBI, a quem carinhosamente a chamava de FILHA e tive a infelicidade de estar ausente na sua partida. Meu coração já não bate com tanta freqüência. Minha Irmã, Minha Irmãe, Minha Filha, a que tanto amo, e lutamos juntos contra as ações invasivas de suas doenças, tardiamente diagnosticadas e, em 31 de Janeiro de 2007 a pouco mais de três horas da tarde, a perdemos.

O momento de Tributo é fugaz, trazem-nos imagens tênue, distorcidas, claras, escuras, mais nítidas de toda uma vida. De toda uma memória a uma Guerreira que hoje é Estrela.

“Eu fui para Deus e não
esquecerei daqueles que amei
consolai Senhor, os que sofrem
com a minha morte, por que foi
grande a minha agonia.
Maior é a minha alegria na
Imensa gloria do Senhor.
Uma lágrima, uma dor, uma
Saudade deixei no coração de
todos que me conheceram e me
amaram. Mas, se o Senhor assim
quis, seja feita a sua Santíssima
vontade”


Bibi, o chamado nos deixou triste e
inconsoláveis, mais assim como Deus
a chamou para perto de si,
certamente nos confortará dando o
fortalecimento e a convicção de que
Você, apenas Nasceu para a Vida
Eterna.

A GUERREIRA DO AMANHECER




O momento de Tributo é fugaz, trazem-nos imagens tênue, distorcidas, claras, escuras, mais nítidas de toda uma vida. De toda uma memória.

“Eu fui para Deus e não
esquecerei daqueles que amei
consolai Senhor, os que sofrem
com a minha morte, por que foi
grande a minha agonia.
Maior é a minha alegria na
Imensa gloria do Senhor.
Uma lágrima, uma dor, uma
Saudade deixei no coração de
todos que me conheceram e me
amaram. Mas, se o Senhor assim
quis, seja feita a sua Santíssima
vontade”


Bibi, o chamado nos deixou triste e
inconsoláveis, mais assim como Deus
a chamou para perto de si,
certamente nos confortará dando o
fortalecimento e a convicção de que
Você, apenas Nasceu para a Vida
Eterna.

A GUERREIRA DO AMANHECER




“Eu fui para Deus e não
esquecerei daqueles que amei
consolai Senhor, os que sofrem
com a minha morte, por que foi
grande a minha agonia.
Maior é a minha alegria na
Imensa gloria do Senhor.
Uma lágrima, uma dor, uma
Saudade deixei no coração de
todos que me conheceram e me
amaram. Mas, se o Senhor assim
quis, seja feita a sua Santíssima
vontade”


Bibi, o chamado nos deixou triste e
inconsoláveis, mais assim como Deus
a chamou para perto de si,
certamente nos confortará dando o
fortalecimento e a convicção de que
Você, apenas Nasceu para a Vida
Eterna.

A GUERREIRA DO AMANHECER



O momento de Tributo é fugaz, trazem-nos imagens tênue, distorcidas, claras, escuras, mais nítidas de toda uma vida. De toda uma memória.

“Eu fui para Deus e não
esquecerei daqueles que amei
consolai Senhor, os que sofrem
com a minha morte, por que foi
grande a minha agonia.
Maior é a minha alegria na
Imensa gloria do Senhor.
Uma lágrima, uma dor, uma
Saudade deixei no coração de
todos que me conheceram e me
amaram. Mas, se o Senhor assim
quis, seja feita a sua Santíssima
vontade”


Bibi, o chamado nos deixou triste e
inconsoláveis, mais assim como Deus
a chamou para perto de si,
certamente nos confortará dando o
fortalecimento e a convicção de que
Você, apenas Nasceu para a Vida
Eterna.

A GUERREIRA DO AMANHECER


MARIA EMILIA DOS SANTOS
D. BIBI
A guerreira do Amanhecer

Nascida e criada no Aribé em Aracaju no ano de 1927 em 30 de Agosto de Odília Eliza da Conceição e Acelino Severo dos Santos.
A menina irrequieta apelidada de carinhosamente de Bibi, estava sempre ocupada com os afazeres de casa, ajudando a criar seus irmãos e ainda pré adolescente assumiu a responsabilidade do trabalho na fábrica de tecidos junto com sua irmã Nair.
Suas atividades políticas foi aperfeiçoada na fábrica junto com sua colegas operária que em busca de soluções para os problemas trabalhistas, se associou a JOC, Juventude Operária Católica surgida no seio da Igreja de onde fazia parte nas ações dos grupos.
Pertenceu ao Sagrado Coração de Jesus, foi grande colaboradora das obras da Igreja Nossa Senhora de Lourdes, sócia do Circulo Operário, contribuiu na construção do cinema Vera Cruz e estava presente em diversos Congressos Eucarísticos e Operário, fazendo diversas viagens para fora do Estado na condição de representante.
Sua vida em torno da família se estreitou mais ainda com o casamento de sua irmã Nair e a compra da Casa da Família , pelo antigo IAPETEC. Nunca descuidou da educação dos seus irmãos, seja na intelectual ou profissional, sua preocupação sempre esteve voltada para o coletivo, onde sua família era a prioridade.
Não se casou, suas ações estavam voltadas para as resoluções das melhorias de sua classe, família e amigos. Teve diversos afilhados, participou ativamente como apôio aos companheiros sindicalistas e políticos “ Comunistas”, mesmo sem nunca ter se filiado a qualquer partido, ajudava e contribuía com todos, desde que a procurasse ou tivessem precisando de ajudas.
Foi assim que durante a linha dura dos militares, auxiliou diversos companheiros, dando-lhes guaritas, servindo de intermediária, escondendo documentos e dando apôio as suas famílias.
Bibi já tinha memória da repressão, pois com quatro anos de idade, já percebia as movimentações na Casa de sua Avô, Mãe Eliza, que fez do seu Terreiro um reduto de proteção aos perseguidos pelo regime repressor do governo Maynard, que perseguia o Candomblé e os Comunistas.
A JOC não era bem vista pela classe política e era em determinado momento, considerada subversiva. Foi neste clima que viveu MARIA EMILIA DOS SANTOS, uma mulher extrovertida, amiga, acolheideira, ríspida, intolerante, dominadora, meiga, autoritária, chorona, empreendedora. Uma Mulher capaz de se excluir para incluir os outros. Sempre lutou por melhorias e suas atividades sociais estavam sempre, agregadas as atividades políticas, as políticas de sua reflexão.
Contribuiu com diversas associações, fundou e ajudou fundar outras tantas e contribuía inclusive com mensalidades.
Aposentada da Fábrica, não descansou um só minuto, fazia de suas amizades e conhecimentos, instrumentos pedagógico para o desenvolvimento da comunidade, seja arranjando emprego, encaminhando aos estudos, conseguindo apôio para famílias necessitadas, denunciando as condições da comunidade, criticando políticos, profissionais, agentes comunitários e outras lideranças por entender lesivas ou invasivas a comunidade.
Foi a grande incentivadora do seu irmão mais novo. Severo D’Acelino a quem chamava José . Foi Pai, Mãe, Critica Orientadora. Desde cedo o encaminhou a comunidade educacional e sempre o estimulou através dos seus exemplo a ações multiplicadoras. Foi sua crítica ferrenha. Incentivava o Teatro, as Tradições Populares e fundamentava as manifestações da Cultura Negra, criticando o modelo do Movimento Negros e suas relações com os demais participantes. Estava sempre atenta a mídia, e qualquer movimento cultural.
Ajudou na sua formação intelectual, artística, militar etc e contribuiu
com espaços a construção do Movimento Negro em Sergipe através da Grupo Regional de Folclore e Artes Cênicas Amadorista “Castro Alves”, a atual Casa de Cultura Afro Sergipana, acompanhando todas as suas ações, fazendo inclusive por três gestões, parte da sua Diretoria.
Na área da educação e saúde e ação social, muito contribuiu, assumindo inclusive a manutenção da Escola Comunitária que manteve por muito tempo em sua residência e que por lá passaram centenas de alunos da Prainha do Santos Dumont.
Manteve até a sua morte, estreita relação com a Igreja e seus membros, adotando a Igreja de São Francisco como a sua Paróquia em substituição a Nossa Senhora de Lourdes do Bairro Siqueira Campos, onde muito contribuiu, mas que com sua mudança para o Santos Dumont, após a sua aposentadoria e para tomar conta do seu Pai, adotou o Anipum como a sua prioridade. Construindo ações alternativas para a melhoria da Comunidade. Uma das suas ações, foi a sugestão de compra pela Prefeitura do terreno ao lado de sua casa, para promover atendimentos a comunidade e como a primeira Dama era de suas relações, o ato foi consumado e convidada a prestar serviços ao município na área social, tornou-se funcionária pública e mais cômoda para prestar serviços a comunidade.
Não posso enumerar as ações em torno de Dona EMILIA. Dona BIBI, a quem carinhosamente a chamava de FILHA e tive a infelicidade de estar ausente na sua partida. Meu coração já não bate com tanta freqüência. Minha Irmã, Minha Irmãe, Minha Filha, a que tando amo, e lutamos juntos contra as ações invasivas de suas doenças, tardiamente diagnosticadas e, em 31 de Janeiro de 2007 a pouco mais de três horas da tarde, a perdemos.
O momento de Tributo é fugaz, trazem-nos imagens tênue, distorcidas, claras, escuras, mais nítidas de toda uma vida. De toda uma memória.
“Eu fui para Deus e não
esquecerei daqueles que amei
consolai Senhor, os que sofrem
com a minha morte, por que foi
grande a minha agonia.
Maior é a minha alegria na
Imensa gloria do Senhor.
Uma lágrima, uma dor, uma
Saudade deixei no coração de
todos que me conheceram e me
amaram. Mas, se o Senhor assim
quis, seja feita a sua Santíssima
vontade”


Bibi, o chamado nos deixou triste e
inconsoláveis, mais assim como Deus
a chamou para perto de si,
certamente nos confortará dando o
fortalecimento e a convicção de que
Você, apenas Nasceu para a Vida
Eterna.

RELEITURAS (II)


A truculência e arrogância que sempre foi o movimento negro do PT

A Conferência Regional de Promoção da Igualdade Racial do ABC, realizada em São Bernardo , no último final de semana, revelou a existência duas concepções diametralmente opostas e antagônicas, na região, a respeito da luta contra o racismo e a discriminação racial e étnica: de um lado, o grupo do auto-proclamado "campo petista" que defende que o Partido tem a missão de dar a última palavra sobre tudo; de outro, os que vêem a Causa da promoção da igualdade racial como tarefa dos negros, dos indígenas e, em última instância de toda a sociedade brasileira, independente de Partidos.

Para o grupo do "campo petista", o mundo ainda se divide entre esquerda direita, mocinhos e bandidos, o bem e o mal, não há nuances e nem tonalidades possíveis no seu mundo bipolar; nesta divisão reducionista, simplista e mecânica do mundo, o movimento social negro se divide entre os negros de esquerda e os de direita; portanto, entre os negros do PT e os negros que não são do PT.

Em um mundo tão pobre assim, reduzido ao maniqueísmo primário, o Partido detém a verdade sobre e acima de todas as coisas; quem quer que ouse dela discordar atrai para si a ira dos deuses, antipatias gratuitas, torna-se um herético, um renegado, como nos velhos tempos em que os manuais do stalinismo faziam sucesso.

Ao contrário do stalinismo clássico, responsável pela morte de milhões de pessoas na União Soviética, o daqui é tosco, primário mesmo. Não tem nenhum refinamento se que é que se pode usar o termo para uma ideologia responsável pela morte de milhões de pessoas. Nem graça.

Se seus adeptos fossem encaminhados ao divã, o diagnóstico seria simples e rápido: trata-se da projeção de problemas existenciais, ressentimentos e recalques mal resolvidos, de uma vida emocional pobre, sem poesia nem esperança. O fato de ter como pano de fundo o terreno da psicanálise não o torna menos letal: também mata, ou pelo menos tenta, quando investe contra a reputação de todo aquele que ouse discordar das verdades eternas; quando se torna irradiador das energias do rancor e do ódio que torna os ambientes carregados.

A impressão que passam os seus seguidores é a de que a todo o momento se perguntam em voz baixa: "como é que alguém ousa discordar das nossas idéias?" A pergunta, porém, que não quer calar é: a quem este grupo representa? De quem se faz porta-voz? Do Movimento Negro, certamente que não é; do próprio PT, muito menos: afinal o Partido, faz tempo abandonou a inflexibilidade política.

A atmosfera de pequenas conspirações, intrigas típicas dos ambientes de em que se disputa poder – foi a tônica desde janeiro quando a Conferência começou a ser preparada. Primeiro, o grupo – cujo núcleo é formado por burocratas da máquina partidária e sindical, funcionários das Prefeituras e de mandatos parlamentares - pretendeu restringir as discussões e transformar a Conferência em um encontro de representantes de entidades – claro, todas mapeadas. Perderam.

A Conferência ocorreu em todas as cidades da região, com participação maior ou menor da sociedade civil e apoio dos prefeitos e do Consórcio Intermunicipal, que reúne os sete municípios do ABC. Depois mudaram as datas da Conferência ao menos duas vezes e o regimento que definia o número de delegados por cidade, pelo menos mais três. Tudo para tentar não perder o controle.

Podem ter conseguido, à custa da disciplina mantida à ferro e fogo pelo time escalado para a tarefa. Em compensação, o mesmo não se pode dizer da compostura, quando em mais de um episódio, inclusive na sessão de abertura promovida pelo Consórcio, aos berros ouvidos por quem participava da mesa de abertura, uma vereadora do tal grupo decretou perante a assessora executiva da Presidência do órgão, que tinha de fazer parte da mesa, assim como os seus convidados.

As pequenas manobras, os artifícios mesquinhos para limitar, restringir e evitar debates (que sempre podem gerar incômodos) se revelou logo no painel em que fui convidado para fazer uma "AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DESENVOLVIDAS PELO BRASIL E CUMPRIMENTO DOS COMPROMISSOS, ACORDOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS (OIT, DURBAN)", em substituição a Edna Roland, relatora da Conferência promovida pela ONU.

Fiz um balanço sucinto sobre o fato notório de todos que tem um mínimo de conhecimento da questão racial no país, saberem que o Brasil descumpre, há pelo menos 40 anos, a Convenção 111 da OIT, assim como também não vem cumprindo as demais Convenções e Acordos Internacionais que combatem e punem o racismo – em especial, a de Durban. Disse, entre outras coisas, que o ABC que foi capaz de eleger um presidente da República, não foi capaz até o momento de cumprir a Convenção 111, na medida em que um trabalhador negro continua ganhando, em média, menos que a metade de um trabalhador branco.

Assim que terminei minha fala, em que expus dados e números, fui avisado pelo dono da Mesa pelo microfone: "você ultrapassou três minutos". Penso que é inédito que um palestrante convidado para falar sobre um tema, encerre a sua fala, saudado com tamanha "delicadeza". Mas, enfim...

O pior estava por vir. Quem falou depois encarregou-se da defesa do Governo, o que gerou uma situação surreal, uma vez que a discussão em nenhum momento passou por perto de uma avaliação do Governo e sim do papel do Estado brasileiro que, de forma contumaz, descumpre acordos e compromissos internacionais, quando se trata do combate à discriminação. Ao contrário: elogiei a postura serena, séria e comprometida da Ministra Matilde Ribeiro que, com a experiência que tem sabe que a Causa da promoção da Igualdade Racial não pertence a um partido, e colocar abaixo o edifício do Estado racista que se mantém entre nós desde o período colonial, passando pelo império e pela República, não é tarefa apenas de um Governo, mas exige o envolvimento da sociedade como um todo.

Os militantes do grupo, porém, estão aí para o que der e vier: Hay gobierno, soy a favor. Qualquer Governo, desde que, seja o deles, claro! Ao tentar responder a uma pergunta sobre a ausência de ações afirmativas na região, citei o fato de que em Santo André e Diadema – as duas únicas cidades que criaram algum tipo de espaço para o debate da questão racial – esses organismos são apenas simbólicos, sem orçamento nem autonomia para a elaboração de políticas públicas. Fui interrompido por vaias e gritos. Condenado à fogueira da inquisição, nem esperaram ouvir que, embora simbólicos, considero um avanço que haja algum espaço para tratar do tema e que defendo sua ampliação e fortalecimento, assim como também defendo que, nos demais municípios sejam criados.

Com esse grau de sectarismo e partidarização e o regimento interno sendo votado por volta das 18h, numa Conferência iniciada às 8h da manhã, dá para se ter uma idéia do saldo: 95% das propostas clonadas às pressas dos documentos das Conferências Municipais realizadas em Mauá, S. Bernardo e Diadema, nenhuma discussão nos grupos – já que ninguém conseguiu articular uma frase completa graças às questões de ordem e de encaminhamento e um cansaço compreensível dado o adiantado da hora – e exibições explícitas de autoritarismo e arrogância.

O que na verdade é visível é que, ideologicamente, o grupo do auto-proclamado "campo petista" é a vanguarda do que há de mais atrasado nas máquinas sindical e partidária e se pauta pelo anacronismo das plenárias, em que se disputa o poder com as velhas armas e expedientes – a calúnia contra quem discorda, as puxadas de tapete, os pequenos e mesquinhos lances de esperteza. Quem, como eu, já conhece e foi vítima dessa cultura sabe muito bem do que estou falando.

Sabe também que o transplante dessa cultura e métodos para a luta pela promoção da igualdade racial – inclusive com os mesmos personagens – é desastrosa e só tem um resultado: o esvaziamento. As pessoas que pertencem a outros partidos, ou que não pertencem a partido nenhum, por entenderem que a Causa está acima de todos eles, se afastam.

Há, no PT, como em todos os partidos, militantes que respeitam a autonomia e a independência dos movimentos sociais. A ministra Matilde Ribeiro, é uma prova disso.

A truculência e arrogância do auto-proclamado grupo é pontual, residual, porém tem de ser barrada já, antes que algum burocrata, qualquer dia desses, acorde com a idéia de convocar uma plenária para a tomada da seguinte decisão: "Companheiros, como já sabemos que há negros bons – os nossos – e ruins – os que discordam de nós -, vamos agora decidir quem tem o direito de ser negro".

RELEITURAS ( I )

Cotas, um remédio que é veneno



José Roberto Pinto de Góes



O governo desistiu de instituir, por meio de uma medida provisória, cotas raciais no ensino superior e resolveu enviar um projeto de lei ao Congresso. Fez bem. O que está em jogo é muito importante para ser decidido, exclusivamente, por "movimentos" e organizações, encastelados na máquina governamental, que reivindicam para si o direito de falar pela "raça negra". Na verdade, não existe uma "raça negra", mas é preciso inventar uma para ser dela o por-voz. É de lamentar que, na opção pelo debate, exista mais o receio de comprar uma briga por resultados imprevisíveis do que a compreensão da magnitude da ruptura que está prestes a promover em nossa tradição republicana. Mas já é uma coisa.



A Constituição de 1988, como as anteriores, não reconhecem a idéia de raça como um critério real de distinção entre os indivíduos e a ela só se refere para dizer que é crime discriminar as pessoas por critério raciais. As cotas, por sua vez, são raciais, isto é, conferem legitimidade à idéia de raça. A bem dizer, a celebram. A razão apresentada por seus idealizadores é que, no dia-a-dia, critérios raciais são efetivamente importantes no destino de cada um, razão pela qual a solução seria assumir isso como um dado da realidade e tratar de amparar os racialmente oprimidos, o que inclui apoiar e promover a auto-estima racial entre eles.

O diagnóstico está errado e o remédio é um veneno.

Comparando ao resto do mundo, o Brasil não tem do que se envergonhar quando o assunto é a importância de critérios raciais no destino de cada um. Para provar o contrário, o governo divulga mil e uma interpretações de estatísticas recolhidas pelo IBGE e outros organismos. Nenhuma delas resiste a observação mais atenta, pois são todas construídas sobre equívocos, preconceitos e trapaças metodológicas. O racismo existe entre nós, sim, e cada manifestação sua é cruel e covarde, fere, avilta e humilha. Mas existe também presente na cultura brasileira uma grande aversão ao racismo que expressam numa vergonha de parecer racista. Somos miscigenados demais e possuímos um passado histórico muito particular – não podia ser diferente. Podemos não ser exatamente cordiais, a bem da verdade somos cada vez menos, mas não temos o defeito da intolerância racial, não somos escravos desta estupidez. Que Deus e os orixás nos conservem assim. O certo é que nenhum garoto deixa de entrar na universidade por causa da cor da pele. Não passa no vestibular quem não teve uma boa escola. E por não havê-las tido é que se é reprovado nos concursos para o serviço público, onde também querem criar cotas raciais. O problema está na escola que falta à população pobre de todas as cores. Todo mundo sabe disso, menos o governo.

O remédio prescrito é um veneno. Nem importa o quanto critério raciais influem na vida das pessoas, isso não pode ser tornado como um dado da realidade com o qual devemos nos conformar. Critério raciais não podem influir nos destinos dos indivíduos, pois não passam de preconceitos tolos, nascidos da ignorância e da imperfeição humana. A solução não esta em obrigar as pessoas a se declararem isto ou aquilo, ao mesmo tempo em que o orgulho racial é açulado (ninguém sabe onde fica a fronteira entre a auto-estima e o orgulho). Deviam parecer escandalosas as semelhanças de tudo isso com a Alemanha nazista.

O governo esta convencido de que somos um povo racista (nisso, ele não inova; historicamente, os governos sempre tiveram uma péssima impressão do povo). Mas não somos. Eles, os que nos governam, podem ser. No mais das vezes, são mesmo, sem saber e sem querer – o que apenas torna tudo mais lamentável e triste, mas não menos trágico. Num debate eleitoral, em 2002, Lula defendeu a idéia de que a ciência poderia ter a última palavra sobre a raça de um indivíduo. Muita gente preferiu fazer que não via, mas ele expressou uma idéia racista, mesmo sem saber. Sentir-se-ia ofendido se alguém o avisasse disso.

Parece que chegamos ao ponto em que nada mais escandaliza. Quem poderia dizer, até pouco tempo, que uma universidade como a UnB, em pleno sol do meio-dia, haveria de instituir uma comissão para atestar a filiação racial dos candidatos aos seus cursos de graduação ? Como já foi observado, foi criado o primeiro tribunal de pureza racial no Brasil. Um dia, a UnB vai ter vergonha do que andam fazendo em seu nome. Enquanto isso, uma meia dúzia de Zé Mané, Zé Goiaba e Zé Ruela vai ter o poder de distribuir certidões raciais por aí. Haja paciência. É cada vez mais difícil conservar a boa educação, mas isso não pode ser outra coisa senão sinal dos tempos.

José Roberto Pinto de Góes – Autor de tese sobre a escravidão, é historiador e professor da Uerj

Publicado no jornal O Estado de São Paulo de 13 de abril de 2004