segunda-feira, 12 de maio de 2008

A EDUCAÇÃO DO NEGRO SERGIPANO



A EDUCAÇÃO DO NEGRO SERGIPANO.

DESDE os tempos em que o Presidente da Província, o “abolicionista” José Elói Pessoa da Silva, no seu famigerado Decreto de 20 de Março de 1838, que entre outras, proibia que ...os africanos, que sejam livres, quer libertos, negros, pretos, mulatos e leprosos tivessem acessos á educação, e freqüentassem as escolas, que os negros padecem no âmbito da educação em Sergipe.
De lá para cá, o manifesto de Elói foi se cristalizando e excluindo o negro da educação, que na sua pedagogia da violência vai cada vez mais se distanciando do coletivo, através de estratégias segregacionistas em direção ao continente europeu fortalecendo o etnocentrismo ao gosto dos senhores de engenhos e dos intelectuais afrancesados.
Nenhum projeto alcançou o negro no âmbito da história da educação sergipana, todos os projetos aqui introduzidos eram cópias da Europa, o eurocentrismo nos alcança até hoje.
As grades estavam repletas de indicadores da Europa e aqui o eurocentrismo fazia e ainda faz a festa dos pséudos intelectuais citadores de verbetes. Francês, Alemão, Grego, Italiano, Latin, etc., eram as línguas da grade da civilização das concepções pedagógicas da moda até que a influencia do pragmatismo norte americano se interpôs no processo de mudanças, mesmo sem alcançar os negros, só uma tênue mudança estrutural, tipo escolas para os mesmo sexos e do ensino misto.
A cultura negra, nunca foi considerada como instrumento pedagógico para formação intelectual dos educandos, a indígena, pela mesma forma. As línguas: Tupi, Ge, Iyorubá, Shawir, Banto, Kikongo etc, nunca foram citada, houve desde os tempos da colonização, a pedagogia etnocídia em cima dos índios e dos negros, forçados através da catequese a se adaptarem a cultura dominante e o aculturamento fez o resto.
A pedagogia da violência, foi e é o instrumento de limpeza racial, cultura e tradicional, utilizada para varrer das terras sergipana o manifesto das culturas baixas e inferiores dos negros e dos índios.
Os índios, foram varridos e das suas mais de 520 culturas, línguas, costumes e tradições, não restaram nada. Seu memorial foi exterminado pelo fogo da vaidade da corrupta colonização e ideologia dos “nossos”intelectuais de camarinhas. Mataram as culturas dos índios e hoje, só um “arremedo” do Cacique Pindaíba, último remanescente da Catequese, domesticadora, se tem noticias sob a denominação de Xokós, sem memória alguma, na Ilha São Pedro sem nenhum referencial de suas raízes , excluídos enquanto grupo cultural, do processo de cidadania.
Toda ação, se inicia com a repressão religiosa, no combate ás nossas práticas, sem o respeito as nossas diversidades, foi assim com os índios e ainda é assim com os negros. Sergipe na prática é um Estado Teocrático. Desde 1881 com a influencia do pragmatismo norte americano e as Reformas Leôncio de Carvalho que estabelecia a “Liberdade de Crenças”, tirando o sentido obrigatório no âmbito da educação, explicitando o Estado Laico que cristalizaram-se as prática teocráticas no âmbito do Estado e as perseguições religiosas.
É sabido que a religião é o ponto de irradiação da cultura e a nossa, sofre de problema de continuidade por conta das ações repressoras até hoje pela prática da Intolerância e do Racismo Institucional, onde o Estado se esconde para não tomar conhecimento das ações e reações e essa ausência cristaliza as desigualdades e emperra o desenvolvimento do coletivo negro, vítima contumaz das tradições paternalistas das políticas públicas e da pedagogia da exclusão.
Até hoje o Estado foge de suas obrigações para com o coletivo negro, negando-lhe o Direito a Educação, manipulando através de ações silenciosas os editais oficiais de inclusões de conteúdos da cultura negra nas grades curriculares. Desde 1999 que há Decreto Governamental sobre a questão e desde 1986 que o Conselho Estadual de Educação consagrou a inclusão transversal e desde 2003 que a Nação foi instruída a formalizar a inclusão curricular e Sergipe, até hoje não deu a mínima, seja no âmbito, Municipal, Estadual ou Federal, particular ou privada. O Estado é Teocrático e resiste a realidade da laicização a realidade de mudanças, de inclusão e de igualdade racial. Os governos só se preocupam com as cotas, que mesmo tendo direitos, como ação reparadora, se transforma num ato paternalista, inibidores de reações contrárias a falta de inclusão da cultura negra nas grades curriculares, para que os negros possam ter oportunidade de identificar seus instrumentos culturais e repensar suas Histórias através de uma reflexão do de dentro para do de fora. E o governo não quer negro pensando. É perigoso e se apegam na ideologia colonizadora, se espelham em JOSÉ ELÓI PESSÔA DA SILVA., cristalizando o Conservadorismo, seja da esquerda, direita, centro, seja qual for seu partido. José Eloi foi tido como progressista, um abolicionista ferrenho, e o que fez, quando chegou no poder: Excluiu Africanos, pretos, mulatos, crioulos e leprosos, do Direito de freqüentar as escolas, de ter acesso a educação estigmatizando-nos de leprosos, vilipendiando uma raça, que dizia proteger. Sergipe é um Estado perverso, o que tem de negros equivocados, contra os negros, eles pensam que são brancos, o que mais Sergipe odeia são os pretos, principalmente os que pensam e agem em favor da igualdade racial. Aqui o negro é o preto. Pode?

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